Estratégias de controle do Futebol Português

Para quem acompanha regularmente o futebol e está atento a alguns detalhes interessantes, não deixa de constatar que aquilo que parecem notícias inocentes e simples coincidências, são muito mais do que isso.

Neste momento fervilha uma intensa campanha nos bastidores em que se contam espingardas, definem estratégias, procuram-se aliados e estabelecem-se alianças com um fim único: o total controle do futebol português.

A isso não serão alheios factores de ordem diversa, desde a confirmação da intenção de Gilberto Madail não se recandidatar, passando pela nova e apetitosa Federação que passará a concentrar todos os poderes, sobrando a curiosidade como vai a ser a partir daí a convivência entre a Disciplina e a Justiça, pois esta valendo-se do seu estatuto de órgão de 2ª instância e sem recurso, tem vindo a alterar/anular sistematicamente as decisões daquela.

Para que o futebol portoguês prossiga no seu caminho normal, falta apenas resolver um pequeno pormenor: que as Associações continuem a dominar as Assembleias Federativas, para que algumas ao arrastar outras, possam impôr a seu bel-prazer as suas teses, a sua indómita vontade de progresso e a dar xitos. Mas, apesar das dificuldades, certo é que esse detalhe com um bocado de boa vontade será ultrapassado a contento de todos.

Muitos boatos têm surgido e alguns nomes para a Presidência da FPP têm visto a sua promoção à luz do dia. Desde o lançamento do experiente dirigente Vitor Baía, passando pelo actual Presidente da Liga-Fernando Gomes que transitaria da Liga para a Federação. Falou-se ainda de Rogério Alves, Fernando Seara e mais recentemente de Carlos Ribeiro que anunciou o seu propósito em tempos não muito distantes.

Esses rumores tinham como denominador comum, o facto da Associação de Futebol do Porto fazer questão de ficar a controlar a arbitragem, como nos bons velhos tempos.

O Correio da Manhã de 24 de Setembro de 2010 (vale o que vale) acaba por dar voz aquilo que vinha a ser sussurrado nos mentideros, confirmando aquilo que se dizia, ou seja:

A A.F.do Porto liderada por Lourenço Pinto quer liderar a Arbitragem que passaria a ser presidida pelo antigo árbitro Paulo Costa (que curiosamente não apitou nenhum jogo do Benfica na sua última época como efectivo), mas que é apresentado como estando muito próximo do FCPorto, o que como sabemos é uma informação altamente abonatória;


Como contrapartida estava disposta a abdicar da Presidência da Federação para a qual seria indigitado o actual Presidente da A.F.de Lisboa – Carlos Ribeiro (que como vimos já tinha manifestado a sua disponibilidade para o cargo e que depois de também ter participado na homenagem a Olegário Benquerença, ontem na Gala do Centenário da A.F.L. já assumiu uma postura de estadista, revelando uma atitude de prudente distanciamento em relação ao seu associado Benfica, ao declarar que «não pode fazer críticas sobre actos momentâneos no futebol e não pode dizer que não há verdade desportiva só porque um jogo correu mal») o que, convenhamos, foi o mais adequado a eventuais circunstâncias futuras;


Finalmente o tripé compunha-se, com a A.F.Porto a abdicar da Disciplina e a entregá-la à sua congénere aliada de Braga liderada por Carlos Coutada.
E eis que com esta distribuição de cargos a evolução positiva que se registou no último mandato de Hermínio Loureiro era completamente mandada às malvas, com uma regressão aos tempos áureos do sistema.Quem disse que a história não se repete?

O tempo da surpresa por haver pessoas que são capazes de tudo fazer para obter uma migalha do poder já passou há muito. Com uma única diferença que por acaso até é importante: é que as pessoas na sua grande maioria já não estão dispostas a aturar e a tolerar estes jogos do poder, que em vez de trazerem verdade e progresso ao futebol luso, apenas lhe angariam o descrédito, a estagnação e formação de novas coutadas.

Aguardemos atentos benfiquistas pelo evoluir deste importante assunto, na convicção plena que nos esperam tempos muito difíceis. Mas ao mesmo tempo estimulantes, porque o grau de informação e actualidade é sem sombra de dúvida muito diferente daquele em que o sistema se passeava ufano das suas golpadas palacianas.

Agora os tempos são muito diferentes...

por pguerreiro